Vivemos um momento na história da humanidade em que o reforço da democracia, dos direitos humanos, da solidariedade entre pessoas, comunidades, países, continentes é de extrema importância. Influenciada pelo mundo digital, assistimos paulatinamente, à transformação de um modelo societal, no qual se apela aos cidadãos e à sociedade civil que participem em diferentes níveis da sociedade, para uma melhor democracia e para melhores modos de vida quotidiana. Constata-se que o processo participativo está cada vez mais expresso nos diferentes domínios da sociedade atual, incorporando políticas públicas, planos de ação e linhas de financiamento, obrigando organismos públicos e sociedade civil a capacitar-se neste domínio.

Do ponto de vista científico, político e organizacional, os processos participativos e reflexivos ganham cada vez mais um papel de destaque no contexto da mediação entre produção e utilização de conhecimento. E se é hoje consensual que o conhecimento significa poder, o processo participativo surge como um meio e um fim para produzir e distribuir o poder de outra forma.

A produção de conhecimento, ao longo da história da humanidade, sempre foi uma atividade natural e contínua na vida das pessoas, necessária à sua sobrevivência, concebida como um processo integrador que envolvia três modalidades: pensar, agir e sentir. Porém, a epistemologia ocidental restringiu-o apenas à dimensão racional, o que resultou numa separação entre teoria e prática, discurso e ação, ciência e vida.

Movidos pela ideia que deve haver um maior envolvimento das pessoas comuns na produção e aplicação do conhecimento aos seus contextos, que elas podem e devem aprender a apresentar alternativas coerentes e credíveis de desenvolvimento individual, organizacional e comunitário que lhes garantam maior qualidade de vida, procuramos restabelecer a ligação entre ciência e vida, através de processos e metodologias participativas que se encontram em consonância com os princípios da igualdade, da diversidade e inclusão, da participação e colaboração cidadã, da aprendizagem social, da prática reflexiva, do empoderamento, do desenvolvimento sustentável.

Acreditamos que o conhecimento também é construído pelas pessoas a partir da sua experiência de vida, e o nosso trabalho passa por (re)criar espaços de participação e colaboração, onde pessoas e organizações com diferentes conhecimentos, competências, experiências e recursos se conectem e relacionem como parceiros de desenvolvimento de novos conteúdos e soluções coletivas conducentes à transformação desejada.

Nesta linha de pensamento, partimos para a ação com base numa abordagem metodológica e numa conceção de conhecimento que assentam em três pilares: